A nova droga, conhecida como Solanezumab, atua de maneira a impedir a formação de certas placas de proteína no cérebro. Acreditava-se que essas placas estão associadas ao desenvolvimento da doença, por bloquearem as conexões entre células e levarem à perda de tecido cerebral. O êxito do estudo do Eli Lilly reforça essa hipótese e traz a esperança de que se tenha chegado a uma abordagem eficaz para deter a enfermidade.
Os resultados foram divulgados em Washington, durante conferência da Associação Internacional de Alzheimer. Em uma primeira fase, de 18 meses, um grupo de pacientes recebeu a droga, enquanto outro grupo ingeriu apenas placebo. Na etapa seguinte, todos tomaram Solanezumab. No total, participaram 581 pacientes. De acordo com os pesquisadores, o método, inédito nos estudos da área, ofereceu evidências de que o remédio consegue desacelerar o avanço da doença.
Segundo eles, as diferenças em cognição entre os dois grupos mantiveram-se preservadas 108 semanas e 132 semanas depois do início da segunda etapa, ou seja, o grupo a começar mais tarde com a medicação não alcançou os demais doentes. Segundo o Eli Lilly, isso significa que o Solanezumab retarda a progressão da enfermidade. Seria, portanto, mais benéfico começar a ingeri-lo antes.
Especialistas não envolvidos na pesquisa, no entanto, receberam os resultados com ceticismo. Segundo eles, o método utilizado não é universalmente aceito para comprovar que um remédio funciona e não traz comprovação sobre a eficácia de atacar as placas de proteína no cérebro. Outros pesquisadores admitiram dificuldade para interpretar os dados.
O Eli Lilly vem realizando um outro estudo com solanezumab, específico para pacientes em estágio inicial, com resultados previstos para 2017. O Alzheimer afeta 44 milhões de pessoas em todo o mundo e não tem nenhum tratamento eficaz.
Como foi o estudo
— Em 2012, o laboratório Eli Lilly publicou os resultados de uma nova droga, chamada solanezumab, em pacientes com estágios iniciais ou moderados de Alzheimer. Depois de 18 meses de testes, concluiu o laboratório, parecia haver benefício para os pacientes em estágio inicial da doença.
— Os pesquisadores resolveram, então fazer um tipo de estudo de começo retardado. Ofereceram aos pacientes com doença leve que estavam no estudo — os que estavam usando solanezumab e também o grupo de controle, que ingeria placebo — a usar a droga por mais dois anos.
— Os participantes não sabiam se estavam tomando a droga ou placebo. Na fase seguinte, todos passaram a receber o remédio.
— Os resultados mostraram que os pacientes que começaram a tomar o remédio mais tarde não alcançaram o mesmo nível cognitivo dos que já estavam usando a droga. A conclusão do laboratório é que o solanezumab não estava apenas amenizando sintomas, mas atrasando a progressão da doença, e que ingeri-lo com precocidade traz vantagens.